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domingo, 30 de novembro de 2014


segunda-feira, 3 de novembro de 2014


sábado, 4 de outubro de 2014

Ana Hatherly

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Estou Tonto

Estou tonto,
Tonto de tanto dormir ou de tanto pensar,
Ou de ambas as coisas.
O que sei é que estou tonto
E não sei bem se me devo levantar da cadeira
Ou como me levantar dela.
Fiquemos nisto: estou tonto.

Afinal
Que vida fiz eu da vida?
Nada.
Tudo interstícios,
Tudo aproximações,
Tudo função do irregular e do absurdo,
Tudo nada.
É por isso que estou tonto ...

Agora
Todas as manhãs me levanto
Tonto ...

Sim, verdadeiramente tonto...
Sem saber em mim e meu nome,
Sem saber onde estou,
Sem saber o que fui,
Sem saber nada.

Mas se isto é assim, é assim.
Deixo-me estar na cadeira,
Estou tonto.
Bem, estou tonto.
Fico sentado
E tonto,
Sim, tonto,
Tonto...
Tonto.

Álvaro de Campos, in "Poemas"
 

quinta-feira, 18 de setembro de 2014


terça-feira, 16 de setembro de 2014

Faz por ti

Faz o Sol por ti antes que arda.
Faz a chuva por ti antes que chores.
Faz a Lua por ti antes do dia.
Faz um sonho por ti antes do pequeno-almoço.
Faz um filho por ti com alguém.
Faz um negócio por ti por dinheiro.
Faz um vestido, não por ti, mas pelo teu corpo.
Faz um caminho por ti antes que te doam as pernas pela falta de uso.
Faz um festival da canção, afasta a mesa da sala, usa uma escova como microfone, faz as canções todas do mundo por ti e as brilhantinas todas do mundo por ti.
Faz uma corrida por alguém e corta por ti a meta.
Corta por ti uma laranja e sorve o sumo por uma pessoa só se tiveres muita sede.
Faz por ti um facho… e alumia quem te segue.
Faz por ti com rigor mesmo rodeado de indolentes.
Faz por ti com calma mesmo assolado por patrões.
Faz por ti a coragem e serás assustador sempre que for preciso.
Faz por ti a sabedoria e saberás sempre que estiveres calado.
Não faças pouco de ti.
Não faças pouco dos outros.
Faz por ti como o dia quando acordas.


Poema de "O Manual da Felicidade" de João Negreiros

sexta-feira, 22 de agosto de 2014


segunda-feira, 11 de agosto de 2014


sábado, 2 de agosto de 2014


sábado, 26 de julho de 2014


quinta-feira, 24 de julho de 2014


segunda-feira, 21 de julho de 2014



domingo, 20 de julho de 2014

Cada tiro cada melro!


sexta-feira, 18 de julho de 2014


quinta-feira, 17 de julho de 2014


segunda-feira, 14 de julho de 2014


segunda-feira, 7 de julho de 2014


domingo, 6 de julho de 2014


quinta-feira, 3 de julho de 2014

O teu beijo, meu amor.

E à volta tudo como se houvesse à volta. Tudo como se houvesse tudo o que não é, quando te beijo, o teu beijo.

O rasgo dos teus olhos, o cheiro do teu vento, a onda do teu abraço.

Saber que te sou. Incondicionalmente sou-te.

A tua boca por preencher a minha.

Saber que me (te) rendo.

A minha boca por preencher da tua. A colina dos teus braços, a luz da tua voz.

Saber-me-te. Passar o tempo para não me passar de ti.

O abrigo do teu colo.

Sair do espaço que não és tu e saber-me fora do espaço que não sou eu.

O toque da tua pele. O teu beijo, meu amor.

E à volta tudo como se houvesse à volta. E à volta a certeza de que amar-te, meu amor, não tem volta.

Pedro Chagas Freitas

segunda-feira, 23 de junho de 2014


quinta-feira, 19 de junho de 2014


Um poeta barroco disse:
As palavras são
As línguas dos olhos
Mas o que é um poema
Senão
Um telescópio do desejo
Fixado pela língua?
O voo sinuoso das aves
As altas ondas do mar
A calmaria do vento:
Tudo
Tudo cabe dentro das palavras
E o poeta que vê
Chora lágrimas de tinta.

Ana Hatherly

segunda-feira, 16 de junho de 2014


segunda-feira, 9 de junho de 2014


terça-feira, 13 de maio de 2014

Nada se Pode Comparar Contigo

O ledo passarinho, que gorjeia
D'alma exprimindo a cândida ternura;
O rio transparente, que murmura,
E por entre pedrinhas serpenteia;

O Sol, que o céu diáfano passeia,
A Lua, que lhe deve a formosura,
O sorriso da Aurora, alegre e pura,
A rosa, que entre os Zéfiros ondeia;

A serena, amorosa Primavera,
O doce autor das glórias que consigo,
A Deusa das paixões e de Citera;

Quanto digo, meu bem, quanto não digo,
Tudo em tua presença degenera.
Nada se pode comparar contigo.

Bocage, in 'Sonetos'

sábado, 3 de maio de 2014


"Tal é o fenómeno do poeta lírico: como génio apolíneo, ele interpreta a música através da imagem da vontade, enquanto que ele próprio, completamente desprendido da avidez da vontade, é um olhar do sol, puro e imperturbado."
Nietzsche

segunda-feira, 28 de abril de 2014

"Ah, baby
Tento decifrar cada parte do seu corpo, talvez eu não consiga, mas eu tento. Tento entender sua fala, mas não preciso porque nossos corações se entendem.
Gosto de sentir sua pele, mexer com seu prazer, seja ele qual for. Gosto do seu melhor sorriso, da sua mão me fazendo cafuné. Gosto dos nossos sábados assistindo aos romances alheios que nos fazem perceber que o nosso romance é muito melhor do que qualquer outro que passa na tevê. Gosto dos dias frios e chuvosos ao seu lado.
Ah, baby, gosto principalmente do nosso amor, amor que corre em nossas veias, amor que você sente por mim e eu sinto por você."
Gabriel dos Anjos


sexta-feira, 11 de abril de 2014


domingo, 30 de março de 2014


“Levem o mundo: deixem-me o momento!” 


                                                                              Fernando Pessoa


sábado, 22 de março de 2014


quarta-feira, 12 de março de 2014

— É pecado sonhar?
— Não, Capitu. Nunca foi.
— Então por que essa divindade nos dá golpes tão fortes de realidade e parte nossos sonhos?
— Divindade não destrói sonhos, Capitu. Somos nós que ficamos esperando, ao invés de fazer acontecer.

in Dom Casmurro, Machado de Assis


sábado, 1 de março de 2014


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Ama.
Lavar os dentes ao lado de quem amas.
Apalpar-lhe descaradamente o rabo.
Comer chocolates até te fartares.
Passar a noite a dizer asneiras.
Beijar sempre de língua.
Passar o dia a dizer asneiras.
Mandar o chefe bugiar.
Passar a vida a dizer asneiras.
Deixar declarações de amor escondidas pela casa.
Fazer o teu pai feliz.
Preguiçar regularmente.
Fazer a tua mãe feliz.
Atirar o despertador à parede periodicamente.
Fazer quem tu puderes feliz.
Dormir quinze ou vinte horas seguidas.
Pôr a mão de fora do vidro do carro.
Pintar o cabelo de azul ou de amarelo.
Pôr a cabeça de fora do vidro do carro.
Cantar no banho para todo o prédio ouvir.
Lamber a tampa dos iogurtes.
Correr que nem um louco na praia.
Falhar que nem um burro só porque tentas.
Praticar sexo oral com frequência.
Tentar que nem um burro só porque queres.
Mudar a decoração de casa num dia só.
 Dançar quando estás feliz.
Passar horas só a cuidar de ti.
Dançar quando estás triste.
Dizer bem de quem amas.
Enfiar o dedo no nariz às escondidas.
Dizer bem de quem não amas.
Dançar enquanto estás vivo.
Guardar segredos inconfessáveis.
Experimentar posições sexuais improváveis.
Contar segredos inconfessáveis.
Masturbares-te sem qualquer culpa.
Ter segredos inconfessáveis.
Ver quanto dá o teu carro.
Dizer o que não se pode dizer.
Cagar assiduamente nas convenções sociais.
Sonhar com o que não pode acontecer.
O orgasmo sempre que puderes.
Coçar e ser coçado nas costas.
O gemido sempre que souberes.
Passar muitas horas a contar anedotas.
Adormecer todo torto no sofá.
Passar muitas horas a ouvir anedotas.
Rir que nem um desalmado.
Fazer um penteado estrambólico só porque te apetece mudar.
Rir por tudo e por nada.
 Chorar a torto e a direito.
Rebolar na areia quando estás todo molhado.
Chorar porque também é um direito.
Abraçar o teu gato ou o teu cão.
Mandar a austeridade tomar no cu.
Beijar incansavelmente.
Não te levares minimamente a sério.
Dispensar quem te chateia.
Tocar um instrumento qualquer.
Perdoar quem é humano.
Desistir do que não te serve.
Lutar pelo direito à parvoíce.
Escrever um livro.
Dar prioridade ao prazer.
Ler um livro.
Nunca desistir de quem amas.
Aprender desvairadamente.
Fazer cadeirinha com quem amas.
Ensinar desvairadamente.
Perder a respiração pelo menos uma vez por dia.
Nascer pelo menos mais uma vez do que as vezes em que morreres.
Viver desvairadamente.
Te. 
in "O Livro dos Loucos", de Pedro Chagas Freitas
 

sábado, 22 de fevereiro de 2014


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Eu e tu


Dois! Eu e Tu, num ser indissolúvel! Como
Brasa e carvão, centelha e lume, oceano e areia,
Aspiram a formar um todo,– em cada assomo
A nossa aspiração mais violenta se ateia…

Como a onda e o vento, a lua e a noite, o orvalho e a selva,
– O vento erguendo a vaga, o luar doirando a noite,
Ou o orvalho inundando as verduras da relva –
Cheio de ti, meu ser d’eflúvios impregnou-te!

Como o lilás e a terra onde nasce e floresce,
O bosque e o vendaval desgrenhando o arvoredo,
O vinho e a sede, o vinho onde tudo se esquece,
– Nós dois, d’amor enchendo a noite do degredo,

Como parte dum todo, em amplexos supremos
Fundindo os corações no ardor que nos inflama,
Para sempre um ao outro, Eu e Tu pertencemos,
Como se eu fosse o lume e tu fosses a chama.

António Feijó


domingo, 2 de fevereiro de 2014


domingo, 19 de janeiro de 2014


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Comunicação


Qual a coisa mais importante para ti? Dizeres o que tens a dizer ou fazeres com que o outro entenda o que queres dizer? Expores apenas a tua opinião, nua e crua, sem te preocupares com o facto de poderes magoar os outros? Pensa bem: Quando apenas «disparas» as tuas convicções, não estás a levar em conta que os outros, pelo facto de ficarem magoados, se defendem, se fecham, e pura e simplesmente não te vão ouvir ou compreender. 

Eu estou sempre a dizer que vocês têm de ser quem são. Sem desvios ou cedências. Mas para uma pessoa ser quem é, ela deverá fazer-se compreender pelos outros. Para não gerar mais incompreensão, intolerância e violência à sua volta. Pois bem. O desafio é: Sê quem tu és, com o coração. Depois utiliza a tua mente para conseguires comunicar isso aos outros de forma a que eles compreendam e aceitem. 

Se eles compreenderem, óptimo, mais fácil será seres quem és. Se eles não compreenderem, apesar dos teus esforços, apesar da tua diplomacia… Se mesmo assim eles insistirem que querem que tu sejas como eles querem… Aí então está na hora de dar um murro na mesa e mostrar que não vais prescindir de seguir o caminho que a tua alma te mostra todos os dias. 

Jesus 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014